terça-feira, 4 de agosto de 2015

LEANDRO GOMES DE BARROS Mini Biografia


 
Confiram alguns dados biográficos do Poeta Popular cuja Cadeira Patronímica é agora ocupada por Manoel de Santa Maria na já gloriosa AARALETRAS – Academia Araruamense de Letras:
 
Leandro Gomes de Barros
Leandro Gomes de Barros
Reprodução Xilográfica
Consta que LEANDRO GOMES DE BARROS, Poeta Popular, nasceu na Fazenda Melancia, no município de Pombal, Paraíba, no dia 19 de novembro de 1865. Há controvérsias acerca do ano de nascimento do Poeta, que seria entre os anos 1860 e 1865. O dia 19 de novembro é também a data homologada na década de 1970 (em evento celebrado no Nordeste) como o dia do Cordelista e ratificada também por órgãos da cultura e a direção da ABLC – Academia Brasileira de Literatura de Cordel – como o dia da literatura de Cordel no âmbito estadual fluminense. O próximo passo da ABLC será a homologação desse dia como data nacional da literatura de Cordel.
 
Aos sete anos de idade Leandro ficou órfão de pai, mudando-se para a Vila do Teixeira, (PB), na companhia de seu tio materno, padre Vicente Xavier de Farias, que ajudou a criá-lo. Deixou a companhia do tio aos 11 anos de idade, por considerar-se vítima de maus-tratos.
Estátua de Ignácio da Catingueira
Estátua de Ignácio da Catingueira

Por volta da década de 1870, início da década de 1980, toda a sua família mudou-se para Palmares, ficando no Teixeira a família de Padre Vicente.

Desde criança Leandro conviveu com os grandes cantadores do seu tempo, tais como Ignácio da Catingueira, Bernardo Nogueira, Hugolino do Sabugi, Nicando Nunes da Costa, Romano da Mãe d’Água ou Romano do Teixeira, e do famoso glosador Agostinho Nunes da Costa. A região do Teixeira foi ainda a terra dos grandes valentões de seu tempo, com destaque para os Guabirabas, família de celerados cuja audácia e bravura Leandro imortalizaria em versos muitos anos depois:

Deixo agora os cangaceiros
Da nossa atualidade,
Para lhes contar a história
De outros da antiguidade:
Quatro cabras destemidos,
Assombro da humanidade.

Os Guabirabas, um grupo
De três irmãos e um cunhado,
Tudo assassino por índole,
Cada qual o MAIS malvado!
Aquele sertão inculto
Tinha essas feras criado.

O tio de Leandro, Padre Vicente Xavier era professor de Latim e Humanidades, tendo como alunos vários ilustres personagens da época no Sertão da Paraíba.

Cancão de Fogo
Cordel sobre Cancão de Fogo
Leandro teve acesso aos livros de grandes historiadores, o que agregou á sua natural veia poética o quesito da erudição. Provavelmente terá sido leitor voraz de Poetas e escritores de vulto como Castro Alves, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, etc. Naturalmente, conviveu com homens cultos; Leandro foi um homem que viveu além do seu tempo. Sintonizado também com a sua contemporaneidade e muito curioso em relação às do passado. Sua obra abrange todos os gêneros e modalidades da Literatura Popular: peleja, romance, gracejo, sátira e crítica social, e seus temas mais recorrentes são os folhetos-reportagem, desastres, guerras, política, cangaço, a sátira, e principalmente ao casamento, às religiões, cobrança de impostos, políticos, charlatões, além do romanceiro, contos de fadas e lendas. São também temas frequentes na sua poesia a mulher, a sogra e a cachaça. Criou também tipos marcantes como o Cancão de Fogo, que incorpora traços biográficos, e João Leso.
 
Segundo a história oral, após assumir o encargo de tutor da fortuna de sua família, cujos membros morreram cedo, o padre deserdou a família de Leandro em favor de outra família. Revoltado, o poeta mudou o próprio sobrenome de Nóbrega para Barros. Casou-se com Venustiana Eulália de Sousa, com quem teve três filhas e um filho: Rachel, Erodildes (Didi), Julieta e Esaú Eloy.
 
Leandro acusou o tio de roubar a fortuna de sua família em favor da família de outro irmão. Ao tomar satisfação sobre o ocorrido ouviu do tio a seguinte ameaça, que soa auto-explicativa e refere-se a uma terrível matança de jagunços, por vingança: “no cabaço ainda cabe orelha!”
Em 1905, o padre Vicente fez seu testamento sem mencionar a família de Leandro e faleceu em 1907, ano em que Leandro mudou-se para o Recife residindo em diversos endereços, dentre os quais o da Rua Motocolombó, n° 87, no Bairro de Afogados.
 
LEANDRO GOMES DE BARROS Foto
Fotografia de Leandro Gomes de Barros
Autor pioneiro de centenas de folhetos de cordel, começou a publicar no final da década de 1980. Leandro Gomes de Barros tinha como principal fonte de renda a Literatura de Cordel. Foi o primeiro autor a investir em tecnologia, tendo importado da Europa seus equipamentos gráficos para fundar a Tipografia Perseverança, voltada exclusivamente para a impressão e distribuição de seus folhetos.
 
A propósito, eis um trecho de um comentário de Carlos Drummond de Andrade em uma crônica publicada no Jornal do Brasil em 9 de setembro de 1976: “Não foi o príncipe dos poetas do asfalto, mas foi, no julgamento do povo, rei da Poesia do Sertão e do BRASIL em estado puro”.

Poeta como Leandro
‘Inda o Brasil não criou,
Por ser um dos escritores
Que mais livros registrou.
Canções não se sabe quantas...
Foram seiscentas e tantas
As obras que publicou.

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