Cordelista Manoel de Santa Maria
Nascido
em Santa Maria do Suaçuí, no Leste de Minas, o autor, aos dois
anos de idade, foi levado para Governador Valadares, onde sua
família fixou residência, praticamente alfabetizou-se lendo os
grandes clássicos da Literatura de Cordel para seu pai, Antônio
Leandro, analfabeto, mas que se
deliciava escutando romances e as
pelejas do tipo: Pavão Misterioso, Peleja do Cego Aderaldo com Zé
Pretinho do Tucum, Coco Verde e Melancia, Canção de Fogo, Pedro
Malazartes, João Grilo, etc.
Monumento a Nossa Senhora Em Santa Maria do Suaçuí-MG |
O autor fez seus primeiros estudos em Governador Valadares,
no Colégio Ibituruna (externato da Congregação dos Padres Escolápios (espanhóis).
Governador
Valadares situava-se à margem da rodovia Rio-Bahia, rota natural
dos nordestinos que, a
bordo dos
tradicionais caminhões paus-de-arara, em sua grande
maioria destinavam-se a São Paulo, capital. Esses retirantes, via de
regra, traziam
na bagagem os folhetos de Cordel e os colocavam à venda na cidade.
Antes
de entrar para a faculdade, Manoel Alves de Sousa ou de Santa Maria já
falava Espanhol e falava, escrevia e traduzia Inglês como
autodidata, após cultivar
o saudável hábito de ler todas as gramáticas que conseguia
adquirir com seus parcos
recursos nos sebos da Praça Tiradentes e da Rua São José, na cidade do Rio Janeiro.
Após
lecionar e ser guia de turismo no Rio empregou-se no Consulado Americano,
sendo logo transferido para a Embaixada Americana em Brasília, onde
também
trabalhou na Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS).
O
autor cursou Letras Português/Inglês na FAHUPE do Campo de São
Cristóvão e
também capacitou-se ao certificado de Proficiência (7 anos) em
Inglês emitido pelo Escritório da ONU (Organização das Nações
Unidas/New York).
Exerceu
o Magistério até 1982, após seu retorno de Brasília, e com
residência fixa em
Araruama.
De 1982 a 2008 desempenhou várias funções em diferentes plataformas e
navios de prospecção
de petróleo como por exemplo as funções de Rádio Operador, Intérprete, Supervisor
de Segurança
no Trabalho e Operador de Lastro.
Foi na atmosfera de solidão acompanhada
do regime de confinamento das embarcações que o autor produziu a
maior parte dos seus livretos de Cordel.
A
propósito, vamos conferir duas estrofes do folheto:
“O
Petroleiro”.
Ser
petroleiro é ficar/Quatorze dias ausente/Da esposa ou namorada/
Sem
ver amigo ou parente/É ler notícia atrasada/É uma saudade danada/
Que
inunda o peito da gente!
Sabe
lá o que é passar/Metade de nossas vidas/Reféns do confinamento/
Sem
as pessoas queridas/Pois o tempo não espera/E a gente não recupera/
Coisas
idas e vividas!
O
autor já divulgou e pesquisou a presença da Literatura de Cordel em
outros países, aproveitando o ensejo de suas viagens a trabalho ou
fazendo cursos da área de
petróleo. É membro cofundador da ABLC (Academia Brasileira de
Literatura de
Cordel), e recentemente da Academia Araruamense de Letras ocupando a cadeira de número 4 que tem como patrono o Cordelista Leandro Gomes de Barros.
Faz
palestras e exposições nas escolas e expõe suas obras nas praças,
feiras, calçadas, feiras livres, bares etc, e também comparece
todos os domingos à Praça do Repentista do Centro de Tradições
Nordestinas Luiz Gonzaga/Nova Feira de São Cristóvão, onde expõe
os seus
trabalhos de Cordel.
Gonçalo Ferreira da
Silva
Presidente da ABLC
É um prazer ter você como irmão na AARALETRAS - Academia Araruamense de Letras.
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